Isolamento e morte
Um dos Palcos dos Acontecimentos
é a estrada que liga Varginha à Rodovia Fernão Dias, acompanhada pelo Rio Verde. Em várias fazendas ao longo do trajeto os moradores testemunharam estranhos fatos antes e depois das capturas
Somente quando o Caso Varginha completou um ano, em 20 de janeiro de 1997, após denunciarmos publicamente o acobertamento de mais esta grave peça do quebra-cabeça, em meio a uma reunião com a imprensa, é que a família, o delegado e os pesquisadores envolvidos tiveram acesso ao laudo. Segundo seu conteúdo, Chereze morreu em virtude de uma infecção generalizada em seu organismo. O policial teria chegado em casa, numa certa noite após a captura da criatura, sentindo fortes dores nas costas. Ele começou a apresentar um processo gradativo de paralisia, além de febre. Devido ao agravamento de seu estado, acabou sendo levado para o Hospital Bom Pastor, onde ficou praticamente isolado da família, permanecendo internado por vários dias. Seus familiares – em especial sua irmã Marta Antônia Tavares, que ia com mais freqüência ao hospital – não conseguiam entrar em contato sequer com o médico responsável pelo tratamento de Chereze, e muito menos descobrir qual era sua doença. é a estrada que liga Varginha à Rodovia Fernão Dias, acompanhada pelo Rio Verde. Em várias fazendas ao longo do trajeto os moradores testemunharam estranhos fatos antes e depois das capturas
Poucos dias depois de sua internação, o soldado foi finalmente transferido para o Hospital Regional do sul de Minas, também em Varginha, exatamente o mesmo para onde ele próprio teria levado, na noite de 20 de janeiro, a criatura que capturou. Chereze foi levado diretamente para o Centro de Tratamento Intensivo da instituição, onde veio a falecer exatamente às 11h00 do dia 15 de fevereiro – 26 dias após seu envolvimento com o ser extraterrestre. Apesar de terem sido feitos todos os testes e exames possíveis, em busca de um diagnóstico, a verdade é que isto não foi conseguido a tempo, como declarou o próprio delegado que presidia o inquérito, em seu relatório ao juiz. Simplesmente, os médicos que trataram Chereze não sabiam como combater a doença que ele tinha.
Depois que divulgamos detalhes a respeito de sua morte à imprensa presente na reunião que marcou o primeiro aniversário do caso, o comando da Polícia Militar de Minas Gerais desmentiu imediatamente os fatos aqui publicados – inclusive que Chereze estivesse de serviço na noite do dia 20 de janeiro. Isso apesar da família declarar o contrário com veemência. Nesse ponto da narrativa, é importante lembrarmos que foi justamente a criatura encontrada e capturada pelo policial que também saiu morta de tal encontro, após vários dias de internação num outro hospital da cidade, o Humanitas. Haveria alguma ligação entre esses óbitos? E o que dizer dos animais que faleceram no zoológico de Varginha, nos dias que precederam o avistamento de uma terceira criatura? De que maneira fazem parte dessa trama? São questões para as quais ainda não temos respostas. Parece claro para este autor, entretanto, que a morte de Chereze pode ter se transformado na peça menos controlável e mais perigosa do processo de acobertamento imposto pelos militares da ESA e do Exército brasileiro.
Pressões e manipulações
Oito anos já se passaram desde que algo muito significativo aconteceu no espaço aéreo do sul de Minas Gerais, culminando com o Caso Varginha. Não sabemos ainda se o que ocorreu foi o acidente de um UFO ou se aquela nave que transportava as criaturas posteriormente capturadas fora atingida ou atacada por nossas Forças Armadas. Desde 1996, quando estive pela primeira vez na cidade, percebi que estava diante de algo verdadeiramente singular. Conheci testemunhas civis e militares que, de uma maneira ou de outra, continuam a ser as maiores evidências dessa história. Além dos militares que entrevistei, há a sóbria narrativa de Liliane e Valquíria e sua mãe, dona Luísa Helena, que chegaram a receber visitas misteriosas e propostas de suborno para se calarem e desmentirem tudo que já haviam dito. Elas teriam que fazer uma única coisa: renegar a realidade do acontecimento mais marcante de suas vidas. Mas não o fizeram, mesmo sabendo que isso poderia representar uma ajuda material substancial.
A atitude de denúncia tomada pela família é mais um exemplo para aqueles que ainda acreditam na qualidade do ser humano. Dinheiro não compra a dignidade de todo mundo. E tal como as irmãs refutaram a tentativa de suborno, também sua amiga, que viu a segunda criatura junto delas, não poderia deixar de ser destacada nesta matéria. Kátia Xavier é uma mulher honesta, que resistiu às pressões mais fortes que seriam aplicadas nas testemunhas, para que o caso fosse destruído. Fui testemunha do drama vivido por todas essas pessoas.
Ao contrário do que muitos poderiam pensar, o destaque que as testemunhas receberam da mídia e a aparente fama que conquistaram mudaram suas vidas e as abalaram extremamente. Certa vez, por exemplo, acompanhei Kátia durante uma entrevista para um canal de tevê norte-americano. Enquanto era obrigada a relatar mais uma vez a história, ela chorava de tristeza ao ver sua vida particular desmoronar como resultado de sua dedicação à verdade. Estive pessoalmente no local da queda indicado por Carlos de Souza, participando da busca por possíveis fragmentos que pudessem milagrosamente ter escapado do processo de recolhimento que os militares empreenderam na área. Eu e os demais ufólogos não encontramos nada, a não ser sinais de que o terreno havia sido revolvido e duas marcas deixadas por algum tipo de veículo ou guindaste.
Uma tragédia familiar
Conheci mais recentemente a viúva de Marco Eli Chereze e suas filhas, personagens que agregam um valor particularmente dramático à história do Caso Varginha. Quando observamos o episódio no ângulo dos envolvidos, vemos que ele engloba uma tragédia familiar e acordamos para o fato de que já é hora de percebermos que as vítimas desse caso não estão apenas de um lado da história. Por mais que fossem diferentes de cada um de nós, as criaturas capturadas em Varginha são fruto de um processo evolutivo semelhante ao que nós tivemos, que aparentemente se alastrou pelo universo. Os seres recolhidos pelo Exército tinham, tal como nós, pernas, braços, tronco e cabeça. Não eram monstros de tentáculos semelhantes a polvos, nem tinham garras como caranguejo, tipos tão propalados em filmes de ficção científica hollywoodianos.
Mas se muito já sabemos sobre o caso, tenho a clara percepção, da mesma maneira que os parceiros ufólogos Ubirajara Rodrigues e Claudeir Covo, que provavelmente não temos conhecimento sequer de 30% de toda a história. Cada uma de nossas principais testemunhas militares, por exemplo, tinha conhecimento apenas dos fatos em que esteve envolvida diretamente. Dentro da Escola de Sargentos das Armas, a instituição militar que comandou as operações no sul de Minas, era proibido falar no assunto – a desobediência seria punida com prisão sumária do infrator. A maior parte de seu contingente nunca travou contato com as informações sobre o caso, que estavam em poder unicamente do comando da instituição. O assunto atingiu um nível de segurança tão elevado que manobras de acobertamento foram coordenadas por membros da inteligência do Exército, durante as próprias operações. Uma das coisas mais difíceis do Caso Varginha era que a verdade tinha que ser encoberta não só da população, mas também do maior número possível de militares da própria ESA.
Vários oficiais de alta patente detinham controle das informações, provavelmente aqueles 70% que os ufólogos nunca conseguiram obter, apesar de seus esforços. O general-de-brigada Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante da instituição, controlou o fluxo de dados com mãos de ferro, apesar de uma visível inaptidão para lidar com a imprensa.
Alguns de seus auxiliares diretos também estariam envolvidos nas manobras de acobertamento de informações, que incluem repressão aos militares de forma geral. Outro militar de alta patente envolvido com os episódios no sul de Minas é o sub-comandante da ESA na época dos fatos, coronel João Luiz Penha de Moura, cuja identidade apenas raras vezes foi relacionada ao caso. Até então, os ufólogos não tinham ligado seu nome à captura de seres extraterrestres na região. Enquanto muita gente ainda acreditava que o Caso Varginha fosse algo cômico e motivo de piada, como caracterizou o episódio do programa Casseta & Planeta, pessoas estavam sendo pressionadas, ameaçadas e até presas – e não apenas ao que se refere ao episódio de 05 de maio, já relatado.
Mas se muito já sabemos sobre o caso, tenho a clara percepção, da mesma maneira que os parceiros ufólogos Ubirajara Rodrigues e Claudeir Covo, que provavelmente não temos conhecimento sequer de 30% de toda a história. Cada uma de nossas principais testemunhas militares, por exemplo, tinha conhecimento apenas dos fatos em que esteve envolvida diretamente. Dentro da Escola de Sargentos das Armas, a instituição militar que comandou as operações no sul de Minas, era proibido falar no assunto – a desobediência seria punida com prisão sumária do infrator. A maior parte de seu contingente nunca travou contato com as informações sobre o caso, que estavam em poder unicamente do comando da instituição. O assunto atingiu um nível de segurança tão elevado que manobras de acobertamento foram coordenadas por membros da inteligência do Exército, durante as próprias operações. Uma das coisas mais difíceis do Caso Varginha era que a verdade tinha que ser encoberta não só da população, mas também do maior número possível de militares da própria ESA.
Vários oficiais de alta patente detinham controle das informações, provavelmente aqueles 70% que os ufólogos nunca conseguiram obter, apesar de seus esforços. O general-de-brigada Sérgio Pedro Coelho Lima, comandante da instituição, controlou o fluxo de dados com mãos de ferro, apesar de uma visível inaptidão para lidar com a imprensa.
Alguns de seus auxiliares diretos também estariam envolvidos nas manobras de acobertamento de informações, que incluem repressão aos militares de forma geral. Outro militar de alta patente envolvido com os episódios no sul de Minas é o sub-comandante da ESA na época dos fatos, coronel João Luiz Penha de Moura, cuja identidade apenas raras vezes foi relacionada ao caso. Até então, os ufólogos não tinham ligado seu nome à captura de seres extraterrestres na região. Enquanto muita gente ainda acreditava que o Caso Varginha fosse algo cômico e motivo de piada, como caracterizou o episódio do programa Casseta & Planeta, pessoas estavam sendo pressionadas, ameaçadas e até presas – e não apenas ao que se refere ao episódio de 05 de maio, já relatado.
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