segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Enorme OVNI que Passou por dois Continentes


O Enorme OVNI que passou por dois continentes
Por Administrator
25 de fevereiro de 2008
Por James Oberg
Fonte: FATE Magazine de janeiro de 1983

Aparição aérea desencadeia pânico nas ruas, temores de ataques nucleares e relatos de pousos de extraterrestres.

Uma das mais espetaculares e amplamente testemunhadas aparições de OVNI em tempos recentes ocorreu na tarde de sábado, 14 de junho de 1980. Em sua primeira fase foi largamente vista na Rússia central; o ufologista soviético Feliks Zigel foi subseqüentemente capaz de preparar um relatório baseado em entrevistas detalhadas com 40 testemunhas oculares. Em sua segunda fase o OVNI apareceu uma hora depois sobre a América do Sul (em torno de 7 horas da noite, horário da Argentina) onde ele foi visto em cinco países e fotografado no céu ocidental perto da Lua; este evento foi grandemente divulgado nos Estados Unidos e ocupou duas páginas de uma análise International UFO Reporter alguns meses depois. Uma terceira fase não-confirmada ocorreu perto de Morocco.

Existem várias testemunhas oculares altamente qualificadas para este evento. Elas incluem pilotos de aviões, fotógrafos de jornais, oficiais militares reformados e investigadores UFO experientes. Fotografias mostram o OVNI junto com objetos mensuráveis de calibração como a Lua ou características identificáveis no horizonte. Efeitos fisiológicos e avistamentos de ocupantes de pequenas "naves de escolta" estão registrados em Moscou. Gordon Creighton, um consultor sênior do respeitado Flying Saucer Review, chamou o caso de "certamente um dos mais fascinantes já produzidos em qualquer lugar no mundo". J. Allen Hynek do Center for UFO Studies (CUFOS) definiu a fase argentina "uma das mais fantásticas em anos". E o investigador-chefe CUFOS Allan Hendry escreveu que "a natureza exata deste caso permanece um mistério".

Os relatos soviéticos, que apareceram em várias publicações ocidentais graças aos esforços do free-lance de Los Angeles Henry Gris, falam de um objeto "enorme" (com mais de 120 metros de largura), laranja avermelhado "em forma de ferradura ou meia-lua" visto seqüencialmente em Kalinin, Moscou, Ryazan, Gorkiy e Kazan. De acordo com o ufólogo Aleksey Zolotov, ele mesmo uma testemunha, muitos aviões da força aérea soviética foram mandados para interceptar o OVNI. Em Moscou Feliks Zigel observou pânico nas ruas enquanto mulheres idosas pranteavam sobre o Dia do Julgamento e homens direcionavam as pessoas para abrigos antiaéreos em face de um aparente ataque nuclear americano. Em Gorkiy, vacas mugiam e patos se agitavam freneticamente nas margens do Volga.

Outro perito UFO soviético destacado, Sergey Bozhich, que viu o OVNI de seu apartamento no subúrbio moscovita de Toshino, lembrou-se de que "foi um avistamento verdadeiramente aterrorizante, eu imediatamente percebi que o crescente avermelhado tinha que ser uma espaçonave extraterrestre, porque eu já tenho estudado OVNIs por muitos anos e já vi OVNIs similares a este".

A pesquisa de Zigel revelou dois encontros imediatos do terceiro grau. Um veio do tenente-coronel Oleg Karyakin que viu o disco voador sobrevoar a rua na frente de sua casa naquela noite; um vizinho posteriormente descreveu "uma figura humana, bem pequena e vestida em um traje espacial, dentro da cúpula transparente do disco". No segundo, o diretor de televisão Aleksandr Koreshkov foi acordado do sono por um "objeto" barulhento na rua. Perto dele ele viu "um homem muito pequeno". Sua esposa posteriormente também acordou para encontrar grandes marcas de queimadura vermelhas em seus braços; elas desapareceram pela manhã. Gordon Creighton escreveria que esses relatos indicavam "de forma convincente que algumas naves pequenas do OVNI gigante realmente pousaram nas ruas da capital russa".

Os relatos sul-americanos, embora menos sensacionais, foram ainda mais amplos. "Tantas cidades em uma área englobando cinco países - incluindo a Argentina, Uruguai, Brasil, Chile e Paraguai - reportaram ter visto o mesmo tipo de 'OVNI' que o tratamento inicial da imprensa falava de uma 'frota de OVNIs", notou o relatório de Hendry para o CUFOS. "Em retrospecto um único fenômeno em grande altitude parece estar por trás de tudo".

Os pilotos e o pessoal da torre de controle no aeroporto Newbery em Buenos Aires relataram o objeto flutuando a um quilômetro do aeroporto. No aeroporto de Ezezia os controladores disseram que eles podiam ver o OVNI como um ponto na tela do radar. Em Cordoba o objeto pareceu decolar da pista do aeroporto e disparar a 25.000 pés. Uma "massa voadora circular" perseguiu uma família dirigindo para casa de uma visita a Córdoba. Eles levaram o carro para o acostamento e pararam. O OVNI desceu em direção deles "com movimentos verticais e circulares deixando uma trilha brilhante de fumaça esbranquiçada" - e então desapareceu na frente de seus olhos.

Em Corrientes o repórter Omar Vallejos viu o OVNI "flutuando sobre o rio Prana - e então, como se tivesse nos visto, ele começou a se mover para norte e desapareceu".

Descrições visuais foram geralmente consistentes. "Parecia como a lua cheia mas mais fraco", um piloto disse, "e era rodeado por uma espécie de auréola". No campo Newbery um controlador chamou o OVNI de "um tipo de esfera que era tênue no meio e mais brilhante nas extremidades". Duas fotografias, publicadas no tablóide "Star" em 19 de agosto de 1980 mostram uma tênue nuvem em forma de "rosquinha".

O dr. Willy Smith, um pesquisador CUFOS especializado em relatos sul-americanos, concluiu que a nuvem-OVNI estava a uma altitude de "200 a 300 quilômetros" com uma velocidade de "um a dois quilômetros por segundo, e isso é muito confiável".

Essas descrições de "auréola-esfumaçada" levaram Hendry a suspeitar de um experimento de liberação de nuvem de bário a grandes altitudes, como os freqüentemente conduzidos pela NASA para investigar condições ionosféricas e regularmente relatados como OVNIs. (Felizmente, eles estão entre os mais fáceis para os investigadores de identificar). Mas não havia tais sondas ionosféricas registradas para este caso. Além disso, Hendry escreveu, "O que torna isto incomum são as alegações de movimento rápido pelo céu - especialmente rápido dada a grande altitude".

Embora os relatos sul-americano tenham sido publicados na época em que ocorreram, não foi antes de maio de 1981 que Henry Gris obteve informação da fase russa do caso. Sua história, baseada em uma viagem pessoal à USSR e encontros com ufologistas lá, apareceram no National Enquirer em 7 de julho de 1981, e de forma expandida na revista italiana Gente algumas semanas depois; a última foi a fonte de um destaque em janeiro de 1982 da Flying Saucer Review. Embora Gris soubesse da fase sul-americana - de fato ele foi o primeiro pesquisador UFO conhecido a conectar as duas fases - ele não mencionou isto em seus artigos na época ou depois.

Intrigado pela natureza global do caso, eu enviei uma carta a duas dezenas de especialistas em 30 de setembro de 1981.

"Notem que as duas regiões estão conectadas por um grande círculo que está inclinado ao equador a aproximadamente 65 graus", eu escrevi, "Se a nuvem estava associada a um objeto em órbita terrestre, ela deveria ter levado em torno de uma hora para atravessar a distância da Rússia à Argentina - e estranhamente este é aproximadamente o diferencial de tempo ... Eu ressalto que 63 graus (adicione ou subtraia alguns graus) é a inclinação orbital associada quase exclusivamente com espaçonaves militares soviéticas". As aparições em ambos países podem ter sido iluminadas pelo Sol, não necessariamente com luz própria, porque a grandes altitudes as nuvens ainda estavam iluminadas pelo Sol. Foi pouco tempo depois do pôr-do-sol na Argentina (por uma hora e 20 minutos) e foi durante a época do "sol da meia-noite" no norte da Rússia, quando o Sol está um pouco abaixo o horizonte norte através da noite.

Uma interessante resposta veio do dr. David R. Squires da Smithsonian Institution's Scientific Event Alert Network (o successor do Center for Short-Lived Phenomena). Ele escreveu "Eu observei um fenômeno similar anos atrás quando eu estava trabalhando na estação Smithsoniana de rastreamento de satélite em Woomera, Austrália [em 1967-69]. Esta nuvem particular estava associada a um satélite americano que havia acabado de ser lançado em órbita terrestre do Cabo Kennedy. Nós havíamos preparado uma câmera Baker-Nunn para fotografar o satélite quando ele não apenas apareceu como esta impressionante nuvem acompanhou a carga como se ela estivesse acoplada bem atrás dela. Outros na estação lembram ter visto uma relação similar satélite-nuvem dois anos antes dessa, e foi ainda mais impressionante porque o próprio satélite era visível a olho nu. De seu ponto de observação a nuvem parecia envolver o satélite enquanto ele viajava pelo céu".

Outra contribuição veio de James Cornell, relações públicas do Centro para Astrofísica (anteriormente o Smithsonian Astrophysics Laboratory) em Cambridge, Mass. Seu circular Centerline tinha publicado uma série memorável de fotografias da queima de "injeção translunar" da Apollo-8 quando ele deixou sua órbita estacionária e dirigiu-se para a primeira viagem da humanidade à lua em dezembro de 1968. As fotos, tiradas por uma estação de observação Smithsoniana no Havaí pouco antes do amanhecer no horário local, mostrou uma memorável seqüência de formas e nuvens à medida que o foguete foi ativado e então desativado. outra série de fotografias mostrou os terceiros estágios Saturno bem longe no espaço, expelindo grandes nuvens de propelente excedente em 1969.

O dr. Patrick S. Osmer, diretor do Observatório Inter-Americano em Cerro Tololo, Chile, forneceu um caminho ainda mais valioso. Ele não tinha dados sobre o evento de 14 de junho mas escreveu "Nós tivemos um evento proeminente visto de Tololo em 12 de fevereiro aproximadamente às 2:00 horas UT [Universal Time]. Foi uma nuvem verde luminosa de apreciável extensão angular que flutuou pelo céu -. Tais nuvens são vistas aqui de tempos em tempos.

Assim com a hipótese de satélite aparentemente sendo um caminho promissor, eu fiz uma lista de lançamentos espaciais que ocorreram em torno de 14 de junho (a nuvem sinalizava um evento relativamente novo, recente) e escrevi para o NASA Goddard Space Flight Center em Greenbelt, Md,, por dados de rastreamento dos quais eu pudesse extrair a hora de lançamento e a trajetória real através da face da Terra buscando vários objetos candidatos e seus boosters. Eu esperava que um deles iria corresponder ao tempo e direção do hipotético "satélite-nuvem" russo-argentino.

Um correspondeu: o soviético "Kosmos-1188", lançado de Plesetsk em torno de 11:55 da noite em 14 de junho (a testemunhas ocular Bozhich notou a hora exata de desaparecimento de seu OVNI vermelho crescente como "11:58 da noite", depois de alguns minutos de observação), tinha voado através da América do Sul uma hora depois. Foi um momento de regozijo quando meu plotter dirigido por computador desenhou sua linha de rastro bem sobre os locais de avistamento de OVNI. E a inclinação orbital era exatamente 62.8 graus, muito próximo da minha estimativa original de 65 graus.

A estimativa de Willy Smith, baseada apenas na análise detalhada de relatos de testemunhas oculares, errou por um fator de quatro vezes menos - mas isto não é ruim e foi o trabalho mais acurado feito até aquele ponto. Já que há uma relação linear entre alcance e velocidade absoluta, multiplicando a velocidade estimada de Smith por um fator de quatro nós dá uma escala de quatro a oito quilômetros por segundo. A velocidade real do satélite era um pouco mais de sete quilômetros por segundo - exatamente dentro da escala ajustada que Smith havia calculado.

Enquanto isso um fio de mistério aparentemente independente estava prestes a ser trançado na grande tapeçaria da solução. Smith havia informado para mim que ainda outro OVNI de "auréola esfumaçada" havia sido visto e fotografado na tarde de sábado, 31 de outubro de 1981. De acordo com a história (que foi destaque em duas edições do boletim APRO), o OVNI foi visto em três províncias argentinas e em Arica, Chile, às 9 horas da noite. No Observatório Felix Aguilar um oficial disse que o OVNI (com a "clássica" forma de um "disco voador") cruzou o céu a uma grande taxa de velocidade, deixou uma trilha luminosa e cintilante e desapareceu no noroeste. Os operadores da torre de controle e pilotos de aviões o observaram apavorados; em Córdoba observadores estimaram que estaria em torno de 600 pés do chão [quase 200 metros]. Sete escaladores de montanha observaram o OVNI a duas ou três milhas de distância [em torno de 3 a 5 quilômetros] que "iluminou toda a área" e enervou as testemunhas enquanto elas foram pegas por seu brilho.

O astrônomo dr. Terry Oswalt (que fotografou o OVNI "nuvem verde" de Cerro Tololo e está agora na equipe da Universidade Estadual de Ohio) mandou-me recortes de jornais locais reportando o avistamento de 11 de fevereiro de 1980. Havia os usuais relatos de luzes brilhantes, com a forma aproximada de letra "A" ou uma estrela com raios irradiando para fora; também notável foi um relato de uma aterrorizante volta montanha abaixo ocasionada pelo medo de um motorista de ônibus de que o disco voador estivesse perseguindo-o. Uma jovem chamada Ximena Sabay relatou que múltiplas pessoas testemunharam interferência em suas televisões causadas pela presença do OVNI.

O próprio Oswalt descreveu o OVNI de detalhadas entradas em seu diário. Embora houvesse a grande e turva nuvem associada com a aparição, a mais brilhantes característica não era a nuvem mas um conjunto de estruturas alojadas em forma de V que se moviam para o norte da direção da ponta do "V". Na ponta do "V" mais externo estava um objeto amarelo brilhante.

Surpreso pelas similaridades dessas aparições à descrita no caso de 14 de junho, eu novamente chequei os registros de lançamentos de veículos espaciais. Eu fiquei maravilhado ao descobrir que todos os três casos se correlacionavam com lançamentos de satélites do programa Kosmos - particularmente com a subclasse relativamente infreqüente consistindo de veículos de "Early Warning" (EW) [Aviso Prévio]. Cada avistamento sul-americano ocorreu a um pouco mais de uma hora o lançamento de um satélite EW de Plesetsk. Não poderia ser uma coincidência. Kosmos-1164 foi lançado às 00:56 UT em 12 de fevereiro de 1980, e a nuvem verde e estrela amarela de Cerro Tololo apareceu às 2:00 UT (10:00 PM horário do Chile); Kosmos-1188 foi lançado às 20:55 UT em 14 de junho de 1980, e foi visto sobre a América do Sul pouco depois das 3:00 PM horário da Argentina (22:00 UT); e Kosmos-1317 foi lançado às 22:48 UT em 31 de outubro de 1981, e foi visto sobre a Argentina pouco depois das 9:00 PM (meia-noite UT).

A seqüência deste tipo de lançamento espacial funciona assim: O booster de quatro estágios "Molnya" decola do oficialmente não reconhecido "Cosmódromo Norte" perto de Plesetsk, com mais de um milhão de libras de empuxo de seus 20 motores (os motores estão agrupados em quartetos no núcleo central e em quatro boosters paralelos acoplados). Depois de vários minutos os quatro boosters caem enquanto o núcleo central continua em vôo (isto é chamado "segundo estágio"). Alguns minutos depois o núcleo exaure seu combustível e se afasta enquanto um terceiro estágio menor carrega a seção superior de oito tonelada e três partes em uma órbita estacionária baixa, e então cai. Voando ao lado, o veículo orbital é pilotado por uma unidade chamada a "plataforma de lançamento" que aponta a montagem na direção certa. O satélite cruza a Mongólia, China, as Filipinas e a Austrália central, então corta o extremo sul do Pacífico antes de se desviar ao norte longe da costa do Chile.

Uma hora depois do lançamento, a uma altitude de 400 milhas [650 quilômetros] sobre o hemisfério sul, um quarto estágio entra em ignição, deixando a "plataforma" para trás e empurrando a si mesmo e à carga de fato em uma órbita ainda mais alta que é lançada a mais de 20.000 milhas sobre o hemisfério norte. Lá o satélite torna-se parte de uma rede que vigia os lançamentos de mísseis americanos e transmite dados de rastreamento em tempo-real aos quartéis generais militares soviéticos.

Os múltiplos rastros de fumaça de lançamento, iluminados por trás por raios de sol avermelhados do sol da meia-noite facilmente explicam o que foi visto sobre a Rússia. De fato, o próprio Bozhich descreveu como o OVNI de 14 de junho era "extraordinariamente similar ao que voou sobre Petrozavodsk na noite de 20 de setembro de 1977" - o infame "OVNI gelatinoso" que foi conclusivamente provado como sendo causado pelo lançamento antes do amanhecer de um Kosmos-955 de Plesetsk do mesmo tipo de booster usado em satélites EW.

O próximo problema era identificar qual peça do veículo de lançamento EW é responsável pela nuvem sul-americana: o terceiro estágio exaurido, a plataforma de lançamento, o quarto estágio ou a própria carga. Significativamente, as três nuvens observadas estavam dentro de lançamentos EW, mesmo que haja muito mais lançamentos do tipo de satélites de comunicação Molniya - e eles seguem uma seqüência de lançamento quase idêntica a dos veículos EW. A única diferença é que nos satélites Molniya a queima do quarto estágio é realizada mais cedo (i.e., 2.000 milhas mais a oeste) na órbita estacionária. A diferença não afeta o comportamento do terceiro estágio já descartado, assim esse candidato pode ser eliminado porque sua trajetória não pode explicar as diferenças observadas entre missões Molniya e EW. Enquanto isso, a plataforma de lançamento e carga provavelmente não carrega propelente em excesso em quantidade suficiente para formar tal tipo de nuvem visível. Assim por eliminação o único suspeito restante é o quarto estágio.

Isso faz sentido já que um lançamento EW estará exatamente completando a queima de seu quarto estágio quando ele passa sobre a costa sul-americana. A nuvem pode se formar imediatamente depois da queima se completar e posteriormente se dissiparia.

O avistamento brasileiro do evento de 14 de junho corrobora esta interpretação. Quatro professores de matemática estavam acampando perto de Aruana, nas margens do rio Arquaia, quando eles viram a nuvem. Em contraste com os avistamentos argentinos, nos quais o objeto transitou pelo céu em minutos (o veículo ainda estava em uma órbita baixa e rápida), os brasileiros viram a nuvem desvanecer no nordeste depois de quase meia hora de observação. Cálculos mostram que o estágio superior em sua órbita ascendente e desacelerada ficaria de fato sobre o horizonte por essa duração quando visto desse local, o mais ao norte das testemunhas relatadas.

Mesmo assim a natureza exata da nuvem não foi estabelecida de forma conclusiva. A teoria de "descarga" permanece apenas uma teoria. As fotografias "Moonwatch" (o programa de observação do espaço levado a cabo pelo Smithsonian em 1957-1975) de boosters S4B Apollo presos à órbita lunar e continuamente em descarga mostram seja nuvens marcadamente assimétricas ou esferas uniformes que parecem mais brilhantes no centro; a nuvem Kosmos-1188 era bem simétrica e era mais brilhante perto da ponta exterior.

Além disso, o tamanho da nuvem Kosmos-1188 (conhecido das fotografias a 1 1/2 graus, a uma distância computada de 1600-2000 quilômetros) era de aproximadamente 30 milhas [50 Km] menos de 10 minutos depois que o estágio parou de queimar. Isto implica uma taxa de expansão de pelo menos 200 mph [90 m/s] e possivelmente muitas vezes maior, um tanto maior que as taxas de expansão das nuvens S-4B vistas pelo "Moonwatch". Isto, ao lado da natureza evidentemente fina da ponta da nuvem, sugere um breve tipo de evento explosivo cuja natureza exata permanece indeterminada. A conexão entre as nuvens aos lançamentos EW entretanto é esmagadoramente persuasiva.

Depois da queima do quarto estágio a carga do Kosmos-EW e o quarto estágio exaurido (e em descarga) dirigiram-se para cima e para o nordeste pela Amazônia e sobre o Atlântico norte. Fotos hemisféricas de satélite mostram que a costa norte da América do Sul estava na penumbra (assim como áreas povoadas do Peru e Equador), eliminando a possibilidade de relatos de OVNI desses locais.

Mas relatos não confirmados alegam que um OVNI foi visto naquela noite em Morocco onde o tempo estava limpo. Cálculos mostram que o Kosmos-EW e material associado estaria iluminado por todo o intervalo de tempo em questão; ele teria ascendido no oeste às 22:16 UT (Morocco está exatamente no Universal Time, assim seria 10:16 PM), derivado para noroeste e alcançado meio-caminho ao zênite às 22:30, então se movido geralmente horizontalmente até que chegasse ao norte às 22:50. Então o alcance seria maior que 8.000 milhas [13.000 Km] e a nuvem teria se dispersado completamente.

Por que o repentino assalto deste tipo essencialmente novo de estímulo OVNI sobre a América do Sul? Escrevendo no início de 1982, o perito em operações espaciais soviéticas Nicholas L. Johnson notou: "Durante os últimos dois anos, a rede de satélites de aviso prévio [EW] passou por uma transformação dinâmica de um programa experimental, inicial para uma constelação operacional quase completa (rede orbital). Embora o programa tivesse começado em 1972, não foi antes de 1980 que haveriam mais de três satélites operacionais ao mesmo tempo."

Os números de lançamentos contam a mesma história: houveram seis lançamentos EW em 1981 e seis outros em 1980; antes disso houveram apenas dois por ano em 1979, 1978 e 1977.

A uma altitude de 400 milhas [650 Km], onde a queima do último estágio ocorre, os veículos teriam sido iluminados pelo sol por pouco mais de duas horas depois do pôr-do-sol local ou antes do nascer do sol local para observadores diretamente abaixo deles. Tomando um gráfico do nascer e pôr-do-sol através do ano em Buenos Aires, adicionando uma margem de duas horas de aurora (um pouco mais no verão) e traçando os vôos reais Kosmos-EW de 1972 ao presente, nós descobrimos que apenas dois recaem nessa faixa de visibilidade: Kosmos-1188 em 14 de junho de 1980 e Kosmos-1317 em 31 de outubro de 1981. Ambos causaram relatos de OVNI.

O Kosmos-1164 (12 de fevereiro de 1980 UT; 11 de fevereiro no Chile) estava perto do limite - e talvez devesse recair nele por causa dos efeitos do "sol da meia-noite"; mas sua presença parece conectada primariamente com o fato de que foi um fracasso (ele aparentemente não alcançou a órbita alta pretendida), provavelmente devido a uma queima de foguete atrasada e mal dirigida. As chamas de foguete causaram relatos de OVNI nesse caso, embora queimas Kosmos-EW normais ocorram baixo no céu ocidental como visto do Chile. Significativamente, a chama foi relatada como amarela, a cor que os propelentes dos boosters assumem quando queimados.

O gráfico de sobrevôos versus aurora mostra que apenas 10 por cento dos lançamentos Kosmos-EW recaem dentro da faixa de visibilidade. A uma taxa de lançamento de seis ao ano isso resulta em aproximadamente uma nuvem visível a cada ano e seis meses em média - e de fato as duas nuvens OVNI maiores foram vistas com 16 meses de diferença. Isto também significa que novos avistamentos estão destinados a ocorrer nos próximos anos. Mas talvez dessa vez eles não ocasionem medo e confusão mas sejam apreciados como um efeito colateral maravilhoso das atividades espaciais da humanidade.

Este tipo de OVI (Objeto Voador Identificado) Kosmos-EW é relevante aos estudos OVNI em geral?

Eu penso que sim. Em primeiro lugar, obviamente, é óbvio que casos de OVNI estrangeiros freqüentemente sejam publicados sem pesquisa adequada e as testemunhas freqüentemente se enganam ao relatar movimento, tempo e aparência.

Outro grande fator é que há excessivos relatos de OVNI para ser levados em conta por uma pequena quantidade de investigadores em tempo parcial qualificados. Como uma conseqüência muitos OVNIs devem continuar não-identificados simplesmente pela falta de uma investigação imediata, comprometida e bem-versada. A existência de uma grande variedade de fenômenos prosaicos que podem ser confundidos com OVNIs requer estudo por um número correspondentemente grande de especialistas. (Minha especialização, por exemplo, são operações orbitais e o programa espacial soviético, assim eu comecei minha pesquisa com uma distinta vantagem). Estes especialistas geralmente não estão nem disponíveis nem dispostos a aplicar seu conhecimento (ou sequer sabem que seu conhecimento é necessário) em relatos de OVNI apropriados. Que os casos que eu descrevi tenham sido de fato solucionados é algo raro, quase um acidente - não é nenhuma surpresa, o cético pode justificadamente argumentar, que tantos outros permaneçam não resolvidos.

Todos os relatos estranhos (e obviamente espúrios) de OVNIs Kosmos-EW causando perseguições de aviões e ônibus, encontros com ufonautas, interferência em televisões, avistamentos por radar, tentativas de interceptação por aviões a jato, mensagens telepáticas (Bozhich relatou isso), mudanças de curso em zigue-zague e afins, reforçam os argumentos de céticos que descartam detalhes similares conectados com outros relatos de OVNI menos bem documentados. Quando um ufologista pergunta "Como esses aspectos do caso podem ser explicados?" os céticos podem responder "Eles não precisam ser explicados. Eles são apenas ruído aleatório, coincidências e enfeitamentos que não têm nada a ver com o estímulo original".

Mas eu não pretendo terminar este artigo em uma nota negativa. Afinal, a maioria dos relatos de testemunhas oculares mostraram ser substancialmente corretos e consistentes com o fenômeno real. Felizmente nestes casos houve relatos suficientes para que eles pudessem ser "normalizados" e aqueles desviantes puderam ser identificados e ignorados. Já que um estímulo amplamente documentado pôde ser conectado aos relatos, foi possível calibrá-los em uma situação peculiar no mundo das investigações e análises OVNI.

Portanto o grande OVNI russo-argentino de 14 de junho de 1980 certamente merece ser reconhecido como um "OVI clássico" e como um estudo de caso instrutivo em técnicas de pesquisa e análise de testemunhos.

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